A Religiosidade de Matriz Africana contempla a existência das energias ancestrais que auxiliam aos homens da terra e tem influência na determinação do destino. Os adeptos da Religiosidade de Matriz Africana cultuam os antepassados, o respeito aos seus ancestrais e sacralizam o presente.
Cultura e Religiosidade de Matriz Africana
ORIXÁ OGUM
Ogum é um orixá costumeiramente associado à guerra e ao fogo. Sendo geralmente representado sob a figura de um guerreiro, Ogum estabelece um arquétipo de luta e conquista aos que se dedicam à sua adoração. Seu grau de importância é tamanho, pois ele é o orixá que possui maior proximidade com os seres humanos depois de Exu. Conhecedor de segredos, ele sabe muito bem como fabricar os instrumentos necessários para a batalha e para o trabalho com a terra.
Por conta dessas habilidades, observamos que as várias representações dessa divindade costumam colocá-lo empunhando uma espada, uma enxada ou uma pá. De acordo com a mitologia africana, Ogum era filho do rei Odudua, fundador da cidade de Ifé.
Apesar de viver os privilégios de um príncipe, Ogum era uma figura bastante inquieta e gostava muito de representar seu pai nas lutas pela conquista de novos territórios. Logo assim, ele se tornou uma divindade que inspira a constante tomada de atitudes.
Nas várias descrições que tentam falar sobre Ogum, percebemos que o mesmo aglomera um claro universo de comportamentos impulsivos e, ao mesmo tempo, pragmáticos.
Ao mesmo tempo em que luta com bravura e se entrega ao amor intensamente, Ogum também é bastante reconhecido pelo seu gosto pela presença dos amigos e a alegria de viver. Apesar de ser tão temperamental como seu irmão, o orixá Exu, este não possui a mesma sagacidade e malícia.
As oferendas dedicadas a Ogum são costumeiramente organizadas durante as terças-feiras, dia em que é feita sua consagração. Praticamente todas as danças que evocam a figura deste orixá são marcadas por gestos de luta. Além disso, os alimentos que são elaborados para suas oferendas não possuem uma preparação muito complexa.
No ritual jeje, Ogum é equivalente ao vodum Doçu. Já entre os praticantes do rito angola, esse mesmo orixá é conhecido como Roxo Mucumbe ou Incoce.
Em terras brasileiras, Ogum acabou sendo facilmente associado à história dos vários santos guerreiros que integram o cristianismo. Nessa situação sincrética, acabou sendo relacionado à imagem de São Jorge, principalmente na cidade do Rio de Janeiro.
Essa aproximação pode ser historicamente reconhecida na Guerra do Paraguai, quando vários negros participantes do conflito professaram que a vitória na Batalha de Humaitá teria sido fruto da proteção do santo que simbolizava o orixá.
Por Rainer Sousa Graduado em História Equipe Brasil Escola